terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

O Dever de Reprovar o Pecado

 

Foi-me mostrado que Deus aqui ilustra como Ele considera o pecado entre os que professam ser Seu povo observador dos mandamentos. Aqueles a quem Ele tem honrado especialmente com o testemunhar as assinaladas manifestações de Seu poder, como aconteceu com o antigo Israel, e que ousam mesmo então menosprezar Suas expressas direções, serão sujeitos a Sua ira. Ele quer ensinar a Seu povo que a desobediência e o pecado são excessivamente ofensivos a Seus olhos, e não devem ser levemente considerados. Ele nos mostra que, quando Seu povo se encontra em pecado, devem-se tomar imediatamente medidas positivas para tirar esse pecado do meio deles, a fim de que Seu desagrado não fique sobre todos.
Se, porém, os pecados do povo são passados por alto por aqueles que se acham em posições de responsabilidade, o desagrado de Deus estará sobre eles, e Seu povo, como um corpo, será responsável por esses pecados. No trato do Senhor com Seu povo no passado, Ele mostra a necessidade de purificar a igreja de erros. Um pecador pode difundir trevas que excluam a luz de Deus de toda a congregação. Ao compreender o povo que se estão adensando trevas sobre eles, sem que saibam a causa, devem buscar diligentemente a Deus, em grande humildade e abatimento do próprio eu até que os erros que Lhe ofendem ao Espírito sejam descobertos e afastados.
O preconceito que se levantou contra nós por havermos reprovado as faltas que Deus me mostrara existirem, e o clamor que se ergueu de aspereza e severidade, são injustos. Deus nos manda falar, e não ficaremos silenciosos. Caso haja erros claros entre Seu povo, e os servos de Deus passem adiante, (Pág. 335) indiferentes a isso, estão por assim dizer apoiando e justificando o pecador, e são igualmente culpados, incorrendo tão certo como ele no desagrado de Deus; pois serão tidos como responsáveis pelos pecados do culpado. Foram-me mostrados em visão muitos casos em que o desagrado de Deus foi atraído por negligência da parte de Seus servos quanto a tratar dos erros e pecados existentes entre eles. Os que passaram por alto esses erros têm sido considerados pelo povo muito amáveis e de disposição benigna, simplesmente por haverem eles recuado do desempenho de um claro dever escriturístico. Essa tarefa não agradava a seus sentimentos; evitaram-na, portanto.
O espírito de ódio que tem havido por parte de alguns por haverem sido reprovados os erros existentes entre o povo de Deus, tem trazido cegueira e um terrível engano a suas almas, tornando-lhes impossível discernir entre o direito e o erro. Apagaram sua própria visão espiritual. Podem testemunhar erros, mas não sentem como Josué, não se humilham por sentir o perigo das almas.
O verdadeiro povo de Deus, os que possuem o espírito da obra do Senhor, tomam a peito a salvação de almas, verão sempre o pecado em seu caráter real, maligno. Estarão sempre a favor de lidar de maneira fiel e positiva com os pecados que facilmente assaltam o povo de Deus. Em especial na obra final da igreja, no tempo do assinalamento dos cento e quarenta e quatro mil que hão de permanecer irrepreensíveis diante do trono de Deus, sentirão muito profundamente os erros do povo professo de Deus. Isto é fortemente salientado pela ilustração do profeta, da última obra na figura dos homens cada um com armas destruidoras na mão. Um homem entre eles estava vestido de linho, com um tinteiro de escrivão a sua cinta. "E disse-lhe o Senhor: Passa pelo meio da cidade, pelo meio de Jerusalém, e marca com um sinal as testas dos homens que suspiram e gemem por causa de todas as abominações que se cometem no meio dela." Ezeq. 9:4.
Quem subsiste no conselho de Deus a esse tempo? São aqueles que por assim dizer desculpam os erros entre o (Pág. 336) professo povo de Deus, e que murmuram no coração, se não abertamente, contra os que reprovam o pecado? São os que tomam atitude contra eles, e se compadecem dos que cometem o erro? Não, absolutamente! A menos que eles se arrependam e deixem a obra de Satanás em oprimir os que têm a responsabilidade da obra, e em suster as mãos dos pecadores de Sião, jamais receberão o aprovador assinalamento de Deus. Cairão na destruição final dos ímpios, representada na obra dos seis homens que tinham as armas destruidoras na mão. Notai cuidadosamente este ponto: Os que receberem o puro sinal da verdade, neles gravado pelo poder do Espírito Santo, representado pelo sinal feito pelo homem vestido de linho, são os que, "suspiram e gemem por todas as abominações que se cometem" (Ezeq. 9:4) na igreja. Seu amor pela pureza e pela honra e glória de Deus é tal, e têm tão clara visão da excessiva malignidade do pecado, que são representados como em agonia, suspirando e gemendo. Lede o nono capítulo de Ezequiel.
A matança geral de todos os que não vêem assim a vasta diferença entre o pecado e a justiça, porém, e não sentem como os que se acham no conselho de Deus e recebem o sinal, é descrita na ordem dada aos cinco homens que tinham as armas destruidoras: "Passai pela cidade após ele, e feri; não poupe o vosso olho, nem vos compadeçais. Matai velhos, mancebos, e virgens, e meninos, e mulheres, até exterminá-los; mas a todo homem que tiver o sinal não vos chegueis: e começai pelo Meu santuário." Ezeq. 9:5 e 6.
Acã é uma Lição Prática
No caso do pecado de Acã, Deus disse a Josué: "Não serei mais convosco, se não desarraigardes o anátema do meio de vós." Jos. 7:12. Que comparação há entre este caso e a direção seguida pelos que não levantam a voz contra o pecado e o erro, mas cujas simpatias se encontram sempre do lado dos que perturbam o acampamento de Israel com seus pecados? Disse Deus a Josué: "Diante dos teus inimigos não poderás suster-te, até que tires o anátema do meio de vós." Jos. 7:13. Ele (Pág. 337) pronunciou o castigo que se devia seguir à transgressão de Seu concerto.
Josué começou então diligente averiguação a fim de descobrir o culpado. Tomou Israel por suas tribos, depois pelas famílias, e afinal individualmente; e foi designado Acã como culpado. Para que tudo ficasse claro a todo o Israel, porém, para que não tivessem ocasião de murmurar e dizer que o castigo recaíra sobre um inocente, Josué usou de tática. Sabia que era Acã o transgressor, e que escondera o pecado, provocando assim a Deus contra Seu povo. Com prudência Josué induziu Acã a confessar o seu pecado, de modo que a honra e justiça de Deus fossem vindicadas diante de Israel. "Então disse Josué a Acã: Filho meu, dá, peço-te, glória ao Senhor Deus de Israel, e faze confissão perante Ele; e declara-me agora o que fizeste, não mo ocultes.
"E respondeu Acã a Josué, e disse: Verdadeiramente pequei contra o Senhor Deus de Israel, e fiz assim e assim. Quando vi entre os despojos uma boa capa babilônica, e duzentos siclos de prata, e uma cunha de ouro do peso de cinqüenta siclos, cobicei-os e tomei-os; e eis que estão escondidos na terra, no meio da minha tenda, e a prata debaixo dela. Então Josué enviou mensageiros, que foram correndo à tenda; e eis que tudo estava escondido na sua tenda, e a prata debaixo dela. Tomaram, pois, aquelas coisas do meio da tenda, e as trouxeram a Josué e a todos os filhos de Israel; e as deitaram perante o Senhor. Então Josué e todo o Israel com ele tomaram a Acã, filho de Zerá, e a prata, e a capa, e a cunha de ouro, e a seus filhos, e a suas filhas, e a seus bois, e a seus jumentos, e a suas ovelhas, e a sua tenda, e a tudo quanto tinha, e levaram-nos ao vale de Acor. E disse Josué: Por que nos turbaste? o Senhor te turbará a ti este dia. E todo o Israel o apedrejou com pedras; e os queimaram a fogo, e os apedrejaram com pedras." Jos. 7:19-25.
O Senhor disse a Josué que Acã, não somente tirara as coisas que Ele lhes dissera positivamente que não tomassem, para que não fossem amaldiçoados, mas roubara, e também mentira. O Senhor dissera que Jericó e todo o seu despojo deviam (Pág. 338) ser consumidos, com exceção do ouro e da prata, que deviam ser reservados para o tesouro do Senhor. A vitória obtida na tomada de Jericó não se alcançara por meio de combate, ou de se haver o povo exposto ao perigo. O Capitão das hostes do Senhor conduzira os exércitos celestes. Do Senhor fora a batalha; Ele é que havia combatido. Os filhos de Israel não haviam desferido um só golpe. O triunfo e a glória pertenciam ao Senhor, e Seus eram os despojos. Ele ordenara que tudo fosse consumido, exceto o ouro e a prata, que reservara para Seu tesouro. Acã compreendeu bem a reserva feita, e que os tesouros de ouro e de prata que ele cobiçou eram do Senhor. Furtou para seu próprio proveito dos tesouros de Deus.
Fonte: Testemunhos Seletos, Vol. 1, págs. 334-338.

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