A purificação do santuário nunca pode
completar-se até o incidente histórico de 1888 tornar-se plenamente entendido e
o problema espiritual subjacente resolvido. Esse segmento particular de nossa
história é especialmente significativo. Isso está implícito numa declaração escrita
por Ellen White ao presidente da Associação Geral, O. A. Olsen, quatro anos
após a assembléia de Mineápolis:
"O pecado cometido no que
teve lugar em Mineápolis permanece nos livros de registro do céu, assinalados
contra os nomes daqueles que resistiram à luz, e permanecerá nos registros até
que se faça plena confissão, e os transgressores se apresentem em total humildade
perante Deus." (Carta 019, 01.09.1892).
Escritos seus posteriores indicam que
"plena confissão" nunca foi feita e que a experiência de "total
humildade perante Deus" não se fez sentir na maioria deles. Aqueles irmãos
morreram todos, mas isso não significa que os "livros de registro do
céu" estejam automaticamente apagados. Eles registram o pecado coletivo,
bem como o pecado pessoal. A verdade fundamental que tem tornado os adventistas
do sétimo dia um povo único é o de que a morte não purifica os livros de
registro celestiais. A purificação deve ocorrer no "juízo
investigativo", um Dia de Expiação coletivo e final.
A questão em debate não é a
salvação das almas daqueles queridos líderes de um século atrás que resistiram
à mensagem. Eles descansam no Senhor, em paz, enquanto permanecem prisioneiros
em suas tumbas. A questão agora é a finalização da obra de Deus sobre a terra,
desenvolvendo uma empatia há muito necessária com o Senhor de modo a que
possamos verdadeiramente dar-Lhe "glória, porque vinda é a hora do Seu
juízo". Precisamos recobrar nesta geração a bênção valiosíssima que nossos
irmãos de um século atrás "sonegaram ao mundo" e "ao nosso povo,
em grande medida" (1SM, 234, 235). Somos "um corpo" em Cristo,
"uma cidade" ou uma comunidade espiritual coletivamente envolvida com
aqueles irmãos do passado. O pecados deles é o nosso pecado, à parte de
arrependimento específico, inteligente.
O "corpo" está morno,
afetado com enfermidade espiritual que pode ter origens identificadas que
remontam a 1888. Uma nova geração deve agora interpretar corretamente o que
ocorreu numa geração passada devido a suas profundas implicações para nossa
condição espiritual hoje. A mensagem de Cristo para a Sua igreja dos últimos
dias requer implicitamente um reexame de nossa história que subjaza nosso
complexo de "rico estou, de nada tenho falta" (Apocalipse 3:14-21).
Uma falha em assim fazer acarreta
sobre nós a culpa de gerações passadas. Estamos sendo provados tão
verdadeiramente quanto eles o foram. A semelhança do Calvário, 1888 é mais do
que um mero evento histórico. A providência de Deus não permitirá que seja
coberto pelo pó no sótão do adventismo, esquecido por uma nova geração. Aquilo
representa o desenvolvimento de princípios que se aplicam novamente a cada
geração até a vitória final da verdade.
Num certo sentido real, hoje estamos
cada qual junto ao Calvário; também somos "delegados" da Assembléia de
1888. Seremos chamados a cumprir o que uma geração passada falhou em fazer. Uma
profecia inspirada nos fala de como 1888 deve ser reexaminado:
"Deveríamos ser o último povo
sobre a terra a abrigar no grau mais ínfimo o espírito de perseguição contra aqueles
que estão levando a mensagem de Deus ao mundo. Esse é o mais terrível aspecto
da falta de espírito cristão que já se manifestou entre nós desde a reunião de
Mineápolis. Algum tempo será visto em seu verdadeiro caráter, com todo
o peso dos ais que dele resultou. (GCB 1893, p.184; ênfase adicionada).
Um ex-presidente da Associação Geral
também reconheceu que esta questão de 1888 deve permanecer um contínuo teste
entre nós até que finalmente vençamos de fato:
"Alguns podem sentir-se
melindrados ante a idéia de que Mineápolis seja citado [nestas reuniões, 1893].
Sei que alguns sentiram-se ofendidos e melindrados ante qualquer alusão àquela
assembleia, e à situação ali. Mas tenhamos em mente que a razão porque alguém
deva sentir-se assim é um espírito insubmisso de sua parte. Tão logo nos
submetamos inteiramente, e humilhemos nosso coração perante Deus, a dificuldade
se esvairá completamente. A própria ideia de que alguém se melindra revela
imediatamente a semente da rebelião no coração. . .
"Se falhamos numa ocasião, o
Senhor nos lançará ao chão novamente; e se nós falhamos pela segunda vez, Ele
novamente nos arrojará abaixo; e se falharmos uma terceira vez, o Senhor nos
porá por terra uma vez mais. . . . Em lugar de nos
sentirmos incomodados com a idéia de que o Senhor nos está arrojando ao mesmo
chão, sejamos-Lhe gratos, e louvemo-Lhe incessantemente, pois essa é a
misericórdia e compaixão de Deus. Qualquer outra coisa além disso é nossa ruína
e destruição." (O. A. Olsen, Ibid., p. 188).
Hoje pode haver alguns que também se
sentem "ofendidos e melindrados" de que se proceda uma tal investigação
da nossa história. Por que prestar tanta atenção ao passado trágico? Por que
não esquecê-lo e ir "adiante" de onde agora estamos?
Segundo esse presidente da Associação
Geral de 1893, sensíveis sentimentos de ressentimento a respeito de
1888 indicam uma atitude de coração em guerra com o Espírito Santo de Deus.
Talvez o Senhor o impressionou a dizer o que disse. E Ellen White também nos
lembra que há terrível perigo de esquecer o passado (VE 196). Uma predição
feita por A. T. Jones na mesma sessão de 1893 parece propositalmente assestada
sobre esse alvo:
"Haverá coisas vindouras que
serão mais surpreendentes do que foi para aqueles que estavam em Mineápolis,--mais
surpreendentes do que qualquer coisa que já tenhamos
contemplado. E, irmãos, nos será requerido receber e pregar essa verdade. Mas a
menos que você e eu tenhamos toda fibra desses espírito enraizado em
nossos corações, trataremos essa mensagem e o mensageiro
pela qual for enviada, como Deus tem declarado que temos tratado esta outra
mensagem [de 1888]." (GCB 1893, p. 185).
"Em 1888 na Conferência Geral
realizada em Minneapolis, Minnesota, o anjo de Apocalipse 18 desceu para fazer
sua obra, e foi ridicularizado, criticado e rejeitado, e quando a
mensagem que ele trouxer novamente, alargar-se num alto clamor, será novamente
ridicularizada, criticada e rejeitada pela maioria." E.G.White in Taking
Up a Reproach. Também encontrado em Some History, Some Experience,
Some Facts, p. 1, por A.T.Jones.
"Vi que Jones e Waggoner
tiveram sua contrapartida em Josué e Calebe. Como os filhos de Israel
apedrejaram os espias com pedras literais, vós apedrejastes esses irmãos com
pedras de sarcarmo e ridículo. Vi que vós voluntariamente rejeitastes o
que sabíeis ser a verdade. Apenas porque ela era por demais humilhante para a
vossa dignidade. Vi alguns de vós em vossas tendas arremedando e fazendo
toda a sorte de galhofas desses dois irmãos. Vi também que se
tivéssemos aceito a mensagem deles teríamos estado no reino após dois anos
daquela data, mas agora temos de retornar ao deserto e ficar 40 anos."
E.G.White, Escrito de Melbourne, Austrália, 09.05.1892.
Extraido do Livro: 1888
Re-Examinado.
Aconselhamos a todos os amados irmãos
a dedicarem tempo e oração no estudo e compreensão da verdadeira justificação
pela fé.