quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

O Ministério Independente do "Dissidente" Jesus


(Jesus, o Modelo de Obreiro por Conta Própria)


O trabalho missionário por conta própria há tempos é visto com maus olhos por muitos líderes da igreja. Hoje não é exceção. Entretanto, no ambiente atual na igreja Adventista do Sétimo Dia organizada, essa rejeição vai além de meras atitudes. O conhecimento da existência de demandas contra ministérios independentes e a insistência para que esses ministros se rendam incondicionalmente à autoridade da Associação Geral (Corporação), e o litígio contra crentes separados ou excluídos, provocam questionamentos na mente de muitos Adventistas do Sétimo Dia pensantes, sobre o discernimento dos homens em postos de confiança.
Estamos repetindo a história do Israel na forma em que os líderes estão conduzindo a igreja contra os ministérios independentes? Que relação tinha Jesus com os líderes de seus dias?
Queremos, de fato, ser como Jesus?
Há muitas coisas em Jesus que admiramos por natureza, tal como sua amorosa bondade e perdão.
Entretanto, há outras coisas que muitos de nós temos dificuldade para aceitar e preferiríamos não discutir, mas precisamos enfrentar também a esses fatos surpreendentes e dolorosos se realmente queremos ser como Jesus, ainda que, talvez, seja necessário mudar alguns de nossos pensamentos.
Qual era a relação entre o Jesus e os líderes da "Conferência Geral" de seus dias?
Jesus nunca foi a uma escola de igreja, em lugar disso foi educado em seu lar. Ele não se graduou em nenhuma universidade denominacional autorizada. Nunca teve a segurança de um trabalho na "Associação", salário ou título de previdência (pensão ou aposentadoria).
Ele trabalhou por conta própria, como um obreiro leigo, muito pobre e muito apertado a isso. O vivia do que podia levar ocasionalmente à boca. Ele aceitava o que a gente lhe dava para comer. Nunca foi dono de uma casa. Nunca teve um burro, nem tampouco uma carroça que fosse para levá-Lo aonde ia. Raramente dormiu em uma cama, e quando o fez, foi sob o teto de amigos da causa.
Jesus não poderia ter trabalhado para a igreja organizada de Seu tempo, porque os líderes da Associação tinham posto tantas restrições sobre si mesmos e os liderados, que Ele não teria estado em liberdade para completar Sua missão.
Jesus veio a uma igreja que estava em apostasia e levando milhões ao inferno! Nenhuma escola desse tempo estava cumprindo o ideal de Deus. Nem ainda os seminários estavam desejosos de ensinar sozinhos a verdade a respeito de Deus. A igreja tinha estado antes em apostasia, tão seriamente que Cristo mesmo a tinha enviado cativa a Babilônia por um tempo.
Agora estavam sob o domínio Romano pelas mesmas circunstâncias.
Mas desta vez, embora os líderes da igreja eram muito escrupulosos em não inclinar-se ante imagens e outras formas de idolatria, não obstante o Espírito de Deus se apartou deles. Haviam abandonado toda a verdade, enquanto clamavam acreditar nela e estar esperando pelo primeiro advento do Messias. Reestruturaram a verdade em seu própria teologia tipo "peca e vive", para que se ajustasse às suas idéias hipócritas e egoístas.
Além disso, os líderes tinham desenvolvido uma teologia que estava apoiada em que somente podia ser salvo aqueles que fosse parte de sua organização - sua estrutura. Aqueles que não estavam em harmonia com suas idéias, ou definições das coisas, ou aqueles que não estivessem sob seu controle autoritário, eram disciplinados ou lançados fora - excluídos. Um exemplo é o cego de João, capitulo 9, quem foi curado por Jesus. Note nos versos 37-38 que, Jesus, não obstante, aceitou a adoração desta alma desprezada e marginaliizada por seus irmãos.
Politicamente incorreto.
Coloque-se no lugar desses líderes religiosos e imagine como devem ter recebido a Jesus.
Muito provavelmente, nunca o teriam contratado caso se candidatasse a algum cargo. Para eles, era politicamente incorreto de muitas maneiras. Para começar, Ele não vinha da linhagem correta - a tribo de Levi. De fato, Ele não poderia provar sua legitimidade, e as suspeitas pelas circunstâncias de sua concepção fora do matrimônio eram argumento suficiente para evitar ordená-lo ao sacerdócio rabínico. Para completar, Ele era de Nazaré - um lugar de "má reputação" entre a elite de Israel. À medida que Sua vida se desenvolvia, Ele fez outras coisas que fizeram muitas sobrancelhas erguerem-se.
Por exemplo, quando Ele foi ao rio Jordão para ser batizado por João, ocorreram manifestações sobrenaturais, as quais, sem dúvida, produziram muitas inquietações nos líderes da igreja.
Ele também se associava com gente de vida torta. Seus discípulos não eram "bem escolhidos" - um publicano (odiado traidor para a causa Israelita), alguns pescadores sem educação, e outros pouco promissores que não fariam muita diferença nunca - pensavam. Oh, sim, Judas havia sido uma "boa" nomeação, embora alguns dissessem que Jesus não o "escolheu".
Ele era o único que estava em condições de cuidar dos assuntos do ministério "dissidente" de sustento próprio de Jesus. Sim, para a maioria dos espectadores, se alguém podia fazer explodir Seu ministério, esse alguém era Judas.
Jesus, tão politicamente incorreto, não poderia ser. Ele foi a uma vila chamada Sicar para passar tempo falando com esses desprezíveis, meio pagãos, Samaritanos, embora um código de conduta não escrito, proibia qualquer transação com eles, que não fosse a absolutamente necessária. Ele passou muitos dias em sua vila, comendo de sua comida, e curando seus doentes, e ainda conversou com uma mulher de má reputação, enquanto esteve ali.
Muito crítico da igreja.
Jesus parecia muito "crítico" da igreja e de seus líderes. Ele chamou os Fariseus e Saduceus de hipócritas, sepulcros caiados, guias de cegos, cães mudos que não ladravam, e outros nomes que eles pensavam que eram depreciativos. Ainda os acusou de ser filhos do diabo. Ele não iria ter essa gente importante como amigos por repetir com freqüência esse tipo de recriminações, embora seus olhos se enchessem de lágrimas enquanto as dizia.
Não era discreto.
Tampouco parecia a muitos que Jesus fosse discreto. Lembra-se da vez quando Ele foi convidado a uma festa na casa do Rabi Simão, e uma prostituta veio e lhe tratou como se fosse uma espécie de Rei? Isso nos mostra o tipo de pessoas com as quais Ele se associava quando não era observado, pensaria alguém. E ainda teve a "audácia" de aprovar suas ações em frente de todos!
Subversivo.
Os líderes pensavam que Ele era subversivo. Ele influenciava às pessoas a não confiar neles, comentando abertamente suas incoerências: "Fazei e guardai, pois, tudo quanto eles vos disserem, porém não os imiteis nas suas obras; porque dizem e não fazem." Mt:23:3.
Também acusou aos líderes de serem opressivos e autoritários:
"Atam fardos pesados e difíceis de carregar e os põem sobre os ombros dos homens; entretanto, eles mesmos nem com o dedo querem movê-los." (Mt:23:4.) Os líderes estavam na defensiva porque Ele apontava publicamente suas incoerências, e eles sentiam que sua tão estimada autoridade estava sendo ameaçada. Não é de se estranhar que Ele não se desse muito bem com os líderes!
Ele parecia ser muito independente - muito livre. Persistentemente recusava-se a reconhecer, o que os sacerdotes definiam como "a autoridade da igreja devidamente constituída".
Na mente dos "conservadores", por exemplo, Ele quebrantou suas leis sabáticas com impunidade, e parecia mostrar Seu desrespeito às a suas leis, instruindo outros a quebrantá-las. Lembram-se do paralítico a quem Ele curou no lago da Betesda, dizendo-lhe que levasse sua cama? (João 5:1-18.)
Não importava que Ele tivesse curado ao pobre paralítico. Para eles, importava somente defender sua autoridade para estabelecer regras extra-bíblicas para a vida religiosa, seu "Manual da Igreja".
Seu toque sobre os leprosos imundos era proibido pelas leis rituais de limpeza. Embora tivesse curado os leprosos, os líderes não queriam verificar a cura porque teriam de reconhecer Seu poder, o qual finalmente suplantaria a autoridade deles sobre a mente das pessoas.
Problemas Teológicos.
Jesus estava cheio de idéias teológicas que não eram compatíveis com os pontos de vista prevalecentes sustentados pelos líderes de seus dias. Por exemplo, Seus famosos discursos tipo "Ouvistes que foi dito... Eu, porém lhes digo..." e outros discursos similares, faziam com que eles realmente se zangassem, porque Ele em essência estava desacreditando seus ensinos. Aqui há outros exemplos:
"Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; e: Quem matar estará sujeito a julgamento. Eu, porém, vos digo que todo aquele que sem motivo se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento; e quem proferir um insulto a seu irmão estará sujeito a julgamento do tribunal; e quem lhe chamar: Tolo, estará sujeito ao inferno de fogo." Mateus 5:21-22.
"Também ouvistes que foi dito aos antigos: Não jurarás falso, mas cumprirás rigorosamente para com o Senhor os teus juramentos. Eu, porém, vos digo: de modo algum jureis; nem pelo céu, por ser o trono de Deus; nem pela terra, por ser estrado de seus pés; nem por Jerusalém, por ser cidade do grande Rei." Mt:5:33-35.
"Ouvistes que foi dito: Olho por olho, dente por dente. Eu, porém, vos digo: não resistais ao perverso; mas, a qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra." Mt:5:38-39.
"Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem; para que vos torneis filhos do vosso Pai celeste, porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos." Mt:5:43-45.
Ofensivo.
Se alguém ofendeu aos líderes da igreja daquele tempo, essa pessoa foi Jesus Cristo. Por isso, o que fizeram a Ele? Pressionaram-no, perseguiram, interpretaram mal. Trataram de colocar as pessoas contra Ele. Atacaram sua teologia sobre a natureza de Deus (e Sua própria natureza), chamando-a de incorreta. Recusaram-se a aceitar que Ele era parte da Divindade, porque eles não podiam encontrar evidência nos Conselhos Inspirados. E disseram que era Sua própria interpretação, quando na realidade eram eles quem estava ensinando e impondo uma interpretação privada.
Talvez acham começado a suspeitar de que estivesse procurando fundar Sua própria igreja paralela, independente da Organização de então. Afinal de contas, Ele reunia muita gente da igreja ao Seu redor. Ensinou-lhes coisas contrárias aos ensinos prevalecentes dos Rabinos, minando assim o apoio à igreja.
Ele comissionou Seus próprios discípulos e os enviou de dois em dois como missionários. E não haveria alguns suspeitando que Ele estivesse aceitando o dízimo para seu ministério? Compare 1 Coríntios 9:9-14; 1 Timóteo 5:17-18; Lucas 10:7. Que mais poderia Ele estar fazendo a não ser preparando-se para fazer funcionar uma igreja paralela?
Por que relembramos essa dolorosa história? Por que de algum modo temos a falsa idéia de que os reformadores por conta própria dos ministérios independentes são uns aproveitadores, que querem ter vida fácil, desviando recursos que deveriam ir para a Associação.
Entretanto, nunca foi assim. Se você estudar a história dos reformadores e os mensageiros que Deus enviou para advertir Sua igreja no passado, descobrirá que a maioria deles era freqüentemente obreiro por conta própria, e que eles foram desprezados, odiados, maltratados, rejeitados, perseguidos e ainda assassinados por seus líderes contemporâneos. Por que esperamos que seja diferente hoje? Se realmente queremos ser como Jesus, então é melhor pensarmos cuidadosamente sobre o que isso significa.
"Procuravam matá-Lo"
"Cristo não tange, mas atrai os homens a Si. Não compele, senão que constrange por amor. Quando a igreja começa a buscar o apoio do poder secular, é evidente achar-se ela destituída do poder de Cristo - o constrangimento do divino amor." O Maior Discurso de Cristo, pág. 127 (CD-Rom em português).
Porque a igreja judia se tornou vazia do poder de Deus, finalmente não pôde tolerar a Jesus por mais tempo e "procuravam ocasião para matá-Lo". Eles reuniram suas comissões para definir a estratégia e planejar como se desfariam Dele. Então, apelaram ao braço ao braço forte do estado e falsamente O acusaram perante o juiz Pôncio Pilatos por coisas que Ele nunca fez. Eles torceram Suas palavras e descaradamente mentiram a respeito Dele. Depois de uma experiência dura, na qual revelaram seu verdadeiro espírito, fizeram que Pilatos o crucificasse. No processo, declararam que não tinham outro rei a não ser César.
A história volta a se repetir.
Ainda quer você ser como Jesus, com toda rejeição que virá da parte dos líderes e membros, com todas as acusações, más interpretações e maus tratos que desde já lhe estão reservados? Necessita Deus obreiros por conta própria, como foi Jesus, ainda hoje? Pense nisso. O assunto é solene. Mais que isso, devemos chorar. A igreja de Deus está infectada com atitudes e práticas que vêm somente da escuridão da apostasia.
O mais profundo de meu estômago se dói por minha igreja. Imagine como se deve sentir Cristo. Ele ainda chora como chorou faz muito tempo sobre Jerusalém: "Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te foram enviados! Quantas vezes quis eu reunir os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das asas, e vós não o quisestes!" Mt:23:37.
Que Deus nos ajude a ser mais como Jesus foi - fiéis à verdade, intransigentes com o pecado, mas, apesar de tudo isso, simpáticos, despreocupados com as políticas internas e livres do "medo dos judeus" (Veja João 7:13), orando com grande amor pelos líderes desencaminhados. Talvez soframos injustiças, brutalidade, hostilidade e ainda perseguição, ou expulsão do arraial, mas lembremo-nos de que optamos por "seguir Seus passos". 1 Pedro 2:21.

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