Escrevendo a Timóteo, o apóstolo Paulo fez a seguinte advertência sobre o que o jovem (e todos os cristãos) enfrentaria ao tentar ministrar aos outros:
"E também todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições." [2 Timóteo 3:12].
No entanto, freqüentemente essa afirmação parece não ter significado nas vidas dos cristãos professos hoje — particularmente aqueles de nós que vivem no assim chamado "mundo livre" do Ocidente — por causa daquilo que é reconhecido como tolerância religiosa. Sem dúvida, o grau de tolerância mostrado pela maioria de incrédulos à nossa volta contribui para essa percepção, mas o fato real é que a falta de perseguição deve-se principalmente aos cristãos mornos [Apocalipse 3:15-16]. Estar na zona do conforto e seguir o caminho da mínima resistência raramente leva a alguma fricção. Entretanto, quando examinamos a instrução que o Espírito Santo nos deu no verso citado anteriormente, notamos que aqueles que "querem piamente viver em Cristo Jesus" serão (não poderão ser) perseguidos! A lógica inescapável é que a perseguição é mínima para a maioria de nós porque não estamos vivendo de forma piedosa — não estamos entregues ao Espírito Santo e cheios da Sua presença pessoal. Um cristão cheio do Espírito Santo garantidamente atrairá perseguição e intolerância como um piquenique atrai formigas. Por quê? Porque adotamos uma atitude "sou mais santo do que você" e fazemos o possível para afastar todos do nosso redor? Não, embora sejamos acusados de fazer essas coisas, a explicação encontra-se em Cristo, e não em nós.
Satanás é atualmente o "deus deste século", mas sabe que os dias do seu reinado estão contados. Jesus Cristo virá novamente como Rei dos Reis e Senhor dos Senhores para governar o Universo para sempre — e o Diabo O odeia com um ódio que está além da nossa capacidade de compreensão, pois deseja desesperadamente tomar o lugar de Cristo [Isaías 14:12-17]. Ciúme intenso com relação ao poder e à posição são as forças motivadoras que estão por trás das táticas de Satanás desde que a iniqüidade foi encontrada nele [Ezequiel 28:15b]. Entretanto, por razões que só Deus mesmo sabe, Ele permitiu a Satanás continuar como "o acusador dos irmãos" [Apocalipse 12:10] e operar como um adversário espiritual no mundo, até que Jesus Cristo retorne para reivindicar aquilo que por direito Lhe pertence. Assim, precisamos compreender que essa perseguição é diretamente proporcional ao grau do fruto em uma vida cheia do Espírito. Quanto mais nos entregamos à vontade do Espírito Santo e Ele transparece em nossas vidas, maior oposição podemos esperar de Satanás. Do mesmo modo, quanto mais vivermos nossas vidas em "piloto automático", menor a probabilidade de atrairmos a atenção do Diabo. Encontramos esse princípio perfeitamente ilustrado no ministério do próprio Jesus Cristo — a Bíblia diz que "ele andou fazendo o bem" [Atos 10:38], mas sofreu perseguição e oposição de uma forma como ninguém mais experimentou, pois estava totalmente cheio do Espírito Santo. Além disso, Ele disse aos apóstolos que também enfrentariam o mesmo tipo de oposição ao obedecerem a vontade de Deus. A história mostrou a exatidão dessa predição, pois todos os apóstolos, exceto João [e Judas, é claro] — morreram como mártires.
No capítulo 15 do Evangelho Segundo João, encontramos o registro do que o Senhor disse aos seus discípulos no caminho para o Jardim do Getsêmani. Ele continuou a dar-lhes instruções espirituais até o momento em que foi preso e levado embora. O conteúdo desse ensino revela muito do que Ele disse referente às futuras provações pelas quais os apóstolos passariam. Começando no verso 17, temos o seguinte:
"Isto vos mando: Que vos ameis uns aos outros. Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós, me odiou a mim. Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas porque não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia. Lembrai-vos da palavra que vos disse: Não é o servo maior do que o seu senhor. Se a mim me perseguiram, também vos perseguirão a vós; se guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa. Mas tudo isto vos farão por causa do meu nome, porque não conhecem aquele que me enviou." Continuando com os versos 1 e 2 do capítulo 16: "Tenho-vos dito estas coisas para que vos não escandalizeis. Expulsar-vos-ão das sinagogas; vem mesmo a hora em que qualquer que vos matar cuidará fazer um serviço a Deus." [ênfase adicionada].
Quando fomos mergulhados nas águas do batismo e nos identificamos publicamente com Jesus Cristo em Sua morte, sepultamento e ressurreição — tomamos o nome Dele e tudo o que O acompanha. Para os crentes judeus na igreja primitiva, isso freqüentemente significava ser rejeitado pela família e ser declarado morto! Todos os meios de subsistência eram negados ao indivíduo e normalmente ele precisava mudar para outra cidade e morar no meio dos gentios para conseguir sobreviver. Custava muito seguir ao Senhor, mas aqueles discípulos eram gigantes espirituais — cheios do Espírito Santo — e "alvoroçaram o mundo" [Atos 17:6]. Muitos foram martirizados por causa da sua fé e outros passaram por privações e grandes dificuldades, mas não renunciaram a fé no Senhor. Em Hebreus 11, normalmente chamado de "Capítulo dos Heróis da Fé", encontramos nos versos 33-35 uma descrição daqueles que, por causa da fé, operaram obras poderosas. No entanto, nos versos 36-38, encontramos a descrição daqueles que sofreram por causa da sua fé:
"E outros experimentaram escárnios e açoites, e até cadeias e prisões. Foram apedrejados, serrados, tentados, mortos ao fio da espada; andaram vestidos de peles de ovelhas e de cabras, desamparados, aflitos e maltratados (dos quais o mundo não era digno), errantes pelos desertos, e montes, e pelas covas e cavernas da terra."
Sim, perseguição e até morte foi a porção de muitos dos servos escolhidos de Deus, enquanto outros levaram vidas relativamente tranqüilas. Por que a diferença? Tudo é parte da vontade soberana de Deus para nós — ajustada individualmente para atender às necessidades do Seu plano. Nossa responsabilidade é tentar fazer o melhor que pudermos para nos conformarmos à Sua boa e perfeita vontade, enchendo-nos do Espírito Santo diariamente, sabendo que ao fazer isso, incorreremos na ira do mundo que está à nossa volta. Não é uma coisa fácil de fazer! A maioria de nós não tem a menor vontade de ser desprezado pelos outros — particularmente quando podemos evitar isso mantendo nossas bocas fechadas e nos preocupando apenas com nossas vidas, por assim dizer. No entanto, o cristianismo "furtivo" é uma das principais razões por que a igreja tornou-se tão morna e sossegada — enfocando sua atenção em planos e programas, em vez de no amadurecimento dos santos. O mundanismo entre os irmãos certamente é incompatível com uma vida cheia do Espírito Santo e o resultado é a letargia espiritual.
Além disso, quando levamos em consideração as mensagens de correio eletrônico que recebemos, repetindo constantemente a acusação que estamos pregando o ódio e a intolerância porque seguimos a recomendação do apóstolo Paulo em 2 Timóteo 4:1-4 — "a descrição do trabalho" do pastor — achamos isso muito revelador:
"Conjuro-te, pois, diante de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no seu reino, que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina. Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; e desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas." [ênfase adicionada].
Como nossas palavras vão na direção contrária ao que certas pessoas gostariam de ouvir, e porque usamos a Bíblia como o único padrão, somos acusados de sermos odiosos e de gostar de julgar os outros. Na realidade, porém, essas pessoas é que estão sendo odiosas e estão nos julgando em nos condenar! Não pregamos nenhuma forma de retaliação nem pronunciamos julgamentos contra ninguém, pois o julgamento é uma prerrogativa do Senhor. Nossos artigos são escritos como comentários para promover o discernimento do povo cristão e para desafiar os incrédulos, mas nunca são escritos com propósitos inflamatórios ou para ofender, embora reconheçamos que a linguagem seja contundente. Estamos meramente expressando aquilo que acreditamos ser a verdade relativamente às questões espirituais, mas, no entanto somos constantemente censurados por isso. As divergências em assuntos econômicos e na prática política são vistas como uma discussão saudável, mas em religião freqüentemente são vistas como ódio. Você não acha isso interessante? Apenas para deixar registrado, NÃO ODIAMOS NEM ENCORAJAMOS O ÓDIO A NINGUÉM!! Discórdia, sim.
Cristão, se você pode se misturar com o mundo e ser aceito — provavelmente está fazendo algo de errado! Se alguém falar bem de você, independente de quão louco isso pareça, você não está vivendo piamente em Cristo Jesus! Permitir que o Espírito Santo habite em você e manifeste Sua presença como "fruto" espiritual na sua vida vai lhe causar problemas — com certeza! Aqueles que estão mortos espiritualmente — e isso inclui a vasta maioria das pessoas com quem nos relacionamos no dia-a-dia — não podem compreender "as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura" [1 Coríntios 2:14] e farão tudo o que puderem para nos evitarem, se verdadeiramente vivermos para Cristo. E esse é o ponto exato que aconselhamos que você aplique aos "líderes cristãos" que são respeitados pelas população atualmente. Ouça e grave bem o que digo: Qualquer pastor que declare "todo o conselho de Deus" [Atos 20:27] será desprezado pelo mundo! Aqueles que sempre aparecem como famosos e respeitáveis nas pesquisas de opinião devem ser vistos com grande suspeita, pois o simples fato de serem populares evidencia que estão contemporizando seu ministério. Portanto, acautele-se!
E com você pessoalmente — sua caminhada com Deus está causando fricção? Eis o que o Senhor teve a dizer a respeito do seu ministério:
"Cuidais vós que vim trazer paz à terra? Não, vos digo, mas antes dissensão; porque daqui em diante estarão cinco divididos numa casa: três contra dois, e dois contra três. O pai estará dividido contra o filho, e o filho contra o pai; a mãe contra a filha, e a filha contra a mãe; a sogra contra sua nora, e a nora contra sua sogra."
Em outras palavras, o ministério de Cristo vai separar as pessoas em ovelhas e bodes — crentes e incrédulos — trazendo consigo toda a discórdia e perseguição que inevitavelmente segue essa discordância. Ele trouxe sobre si mesmo a condenação dos líderes religiosos daquele tempo e teve uma morte horrível por crucificação; um destino que desde o início soube que teria. No entanto, a despeito de toda a oposição, continuou resolutamente a pregar, a ensinar e a proclamar o Evangelho do Reino, permitindo que a vontade do Pai fosse realizada e cooperando plenamente até o fim. Ao fazer isso, comprou a redenção do Seu povo eleito, pagando por ela com Seu próprio sangue. A história está repleta com exemplos de Seus seguidores que sofreram e morreram, porque não quiseram contemporizar com o mundo para evitar a perseguição. Você está disposto a seguir e a sofrer? Lembre-se apenas que quanto mais perto estiver de Cristo e quanto mais andar Nele, mais provavelmente incorrerá na ira de Satanás e sofrerá por causa disso.
"E porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem." [Mateus 7:14].
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