John Oldcastle
Entre os lolardos destaca-se a nobre figura de Sir John Oldcastle. Conforme a história, Oldcastle era um jovem soldado de família abastada da Inglaterra que acatou a mensagem do evangelho pregado por Swinderby, um dos lolardos, convertendo-se a Cristo. Para não ser perseguido e morto, ainda que rejeitando o ensinamento católico e as imposições do Papa permaneceu católico.
Nascido de uma família nobre de Herefordshire em 1378, desde jovem John Oldcastle serviu fielmente a Inglaterra e ao rei Henrique IV. Depois de casado recebeu o título de Barão com o codinome de Lord Cobham e passou a possuir terras por toda a Inglaterra. Tornou-se um dos líderes do movimento dos lolardos. Ao redor de 1410 o Bispo Arundel começou a suspeitar de suas idéias religiosas e tentou dissuadi-lo a abandonar seus pontos de vistas. Oldcastle, no entanto, tinha grande favorecimento do rei por haver servido com distinção na França e mantinha muita expectativa com a subida ao trono do Príncipe Henrique eu seria elevado ao trono em 1413.
Seu castelo em Cowling era um refúgio para os pregadores itinerantes, para os Irmãos que peregrinavam pela Inglaterra, refúgio para os que eram perseguidos pela igreja, e também servia como local de reuniões, apesar destas serem proibidas sob severas penas. O rei Henrique IV, seu amigo, não interferia em sua vida, mas logo que seu filho, Henrique V assumiu o trono, o novo rei atacou o castelo e aprisionou a John Oldcastle. Oldcastle fugiu da Torre onde era mantido preso e passou a se esconder de cidade em cidade, evitando ser preso ou denunciado pelos espiões a serviço do clero. No entanto, na mesma época muitos foram presos, torturados e mortos, incluindo trinta e nove líderes lolardos.
Sir John Oldcastle, o nobre inglês que apoiava o movimento da reforma dos seguidores de Wycliffe precisou comparecer perante o Bispo Arundal, e em momento algum abandonou suas idéias, mesmo sabendo da morte que o esperava. “O Papa – dizia Oldcastle – não tinha autoridade para decidir temas como a transubstanciação; o Papa era a cabeça do anticristo e os monges e frades formavam a cauda. Ele insistia que a eucaristia era “Cristo em forma de pão”. (The Morning Star p 65).
Depois John Oldcastle foi capturado em Gales e queimado na fogueira, sendo o primeiro nobre inglês a ser morto por sua fé (Broadman, E.H. Pilgrim Church p 122). Esses valorosos cristãos eram despojados de suas terras e mortos pela igreja institucionalizada.
Por que morrer? Para defender a fé. A igreja havia se corrompido e o Papa e os bispos, especialmente nesta época o Bispo Arundal, perseguiam os Irmãos por toda Inglaterra e pela Europa.
O movimento dos Irmãos, com os lolardos preparou o terreno para a grande cisão que haveria de acontecer com Lutero na Alemanha anos depois. Lutero, com o apoio dos feudos e dos reis da época quebrou a coluna vertebral do domínio romano, mas não livrou os “Irmãos” de continuarem sendo perseguidos por toda a Europa, agora pelos seguidores do reformador Lutero como veremos noutro episódio.
O movimento iniciado por Wycliffe nunca se transformou em organização, mas os resultados na Inglaterra se fizeram sentir por mais de um século por seus seguidores, os lolardos, ou wiclifistas. Dez anos depois da morte de Wycliffe, uma bula assinada pelo Papa Bonifácio IX em 1396 condenava os Lolardos ou Pedintes dos países baixos.
E os Lolardos, sem dúvida alguma, representam a semente dos mártires que corajosamente acenderam a chama da Reforma da Igreja.
O sentido de Lolardos.
O termo Lolardo apareceu na Inglaterra vindo da Holanda e da região de Colônia. Como falamos, muitos discutem a origem do nome Lolardo e também do termo huguenotes. Os historiadores abandonaram a idéia de que o nome teria surgido a partir do holandês Walter Lollard que foi queimado em Colônia em 1322.
A etimologia da palavra Lolardo sempre foi objeto de especulação. Alguns achavam que a palavra deriva do alemão lollen (cantar), referindo-se aos lolardos que entoavam cânticos nos funerais. Outros afirmam que provinha do latim lolium (erva daninha) ou murmuradores de protestar mesmo, uma alusão à parábola do joio. Considerando, no entanto, que os lolardos criam que podia haver “verdadeiros crentes” fora da estrutura da igreja romana, o nome poderia ser uma paródia às suas crenças. No entanto, na parábola do joio a erva daninha não é “lolium”, mas “zizania”. Assim, é bem possível que derive da palavra alemã que significa “pranteadores”, numa referência às orações de lamentações que eles faziam publicamente.
Se você quer ser um fiel como os lolardos, deve ter coragem como a deles, que eram leigos como nós e pregaram a verdade de casa em casa com suas túnicas pardas e suas bolsas com folhetos e Bíblias de Wyclliffe.
Foram mártires que morreram por Cristo e deram sua vida a obra de Deus, enquanto que a maioria os perseguia e estavam contra a verdade, eles ficaram firmes até o fim.
“Permanecer ao lado da verdade e da justiça quando a maioria nos abandona, ferir as batalhas do Senhor quando são poucos os campeões; esta será nossa prova. Naquele tempo devemos tirar calor da frieza dos outros, coragem de sua covardia e lealdade de sua traição” (I TS, p.32).